INFO
Após um primeiro encontro, a École Pratique des Hautes Études-PSL (Paris) e a equipa Histara EA 7347, a Université de Rouen (Grhis), o Centro de Estudos em Arqueologia, Artes e Ciências do Património da Universidade de Coimbra (Portugal) e o Musée des Antiquités de Rouen associam-se agora para dar continuidade aos trabalhos consagrados à personalidade e à obra de um artista tão fecundo como mal conhecido fora de Portugal: João de Ruão. O colóquio organizado em Coimbra em Abril de 2018 constituiu a primeira manifestação de amplitude internacional que reuniu os especialistas do Renascimento meridional em torno desta figura maior da arte do século XVI português.
Ativo ao longo deste século, João de Ruão inscreve-se nos domínios da arquitetura e da escultura, mas a sua obra, ainda inscrita num quadro de indefinição dentro de uma produção laboral intensa, multifacetada e plural, exige agora uma outra observação dentro das linhas de força que se movimentam também fora de Coimbra. Este segundo colóquio, agora remetido para a Normandia, em Junho de 2019, terá como objetivo o exame das suas obras que se conservam, colocando-as no contexto do panorama artístico da sua formação. Tratar-se-á do reconhecimento do seu papel nos processos de transferência artística entre as oficinas normandas e setentrionais e Portugal, numa dinâmica que projeta para a arte portuguesa do Renascimento os seus traços mais distintivos.
ORGANIZAÇÃO
/École Pratique des Hautes Études-PSL (Paris)
/équipe Histara EA 7347 (direção Sabine Frommel)
/Université de Rouen (Grhis)
/Centro de Estudos em Arqueologia, Artes e Ciências do Património da Universidade de Coimbra (Portugal)
/Musée des Antiquités de Rouen
COMISSÃO CIENTÍFICA
/Sabine Frommel, Directeur d’études, École Pratique des Hautes Études – PSL
/Marion Boudon, Professeur, CESR, Tours
/Frédéric Cousinié, Prof., Université de Rouen
/Maria de Lurdes Craveiro, Prof., Universidade de Coimbra
/Joana Antunes, Prof., Universidade de Coimbra
/Carla Alexandra Gonçalves, Prof., Universidade Aberta
/Jean-Marie Guillouët, Maître de Conférences, Université de Nantes
/Nicolas Hatot, Conservateur, Musée des Antiquités de Rouen
SECRETARIADO CIENTÍFICO
/Nicolas Trotin, Doctorant, École Pratique des Hautes Études – PSL
CALL FOR PAPERS
APPEL À CONTRIBUTIONS
CHAMADA PARA COMUNICAÇÕES
Com formação comprovada na Normandia, nos inícios do século XVI, João de Ruão constitui o elo privilegiado para compreender as relações entre a província normanda e o reino português, e voltar à história das comunidades portuguesas em Rouen e Harfleur, nos finais do século XV. A grande questão sobre a sua estadia na Itália antes da chegada a Portugal permanece ainda em aberto e amplia o quadro geográfico desta investigação.
O conhecimento atual sobre João de Ruão recai sobre uma historiografia fixada, no essencial, nos inícios do século XX, por Prudêncio Quintino Garcia (João de Ruão. MD...-MDLXXX. Documentos para a biographia de um artista da renascença, Coimbra, 1913). Os estudos que se seguiram fundaram-se neste corpo documental, embora alargando a sua intervenção sobre as questões relativas à circulação de artistas e modelos, às relações de produção oficinal, aos confrontos formais entre as obras ou à dinâmica da encomenda mais ou menos poderosa e esclarecida.
Depois de mais de um século de pesquisas e em momento em que se multiplicam as atribuições às obras de escultura e arquitetura, é necessário examinar de novo as fontes manuscritas e publicadas ou as próprias obras para a construção de um acervo sólido e fiável. Da mesma forma, a análise da obra escultórica e arquitetónica de João de Ruão revela o entendimento da sua cultura estética e o seu universo teórico e visual. Desde logo, parece necessário enfrentar a evolução da arquitetura religiosa que Ruão possa ter conhecido ou que seja contemporânea das suas próprias realizações, seja no espaço francês (com as influências flamenga ou alemã), seja a partir das contaminações proveniente de Espanha e da Itália. Um tal posicionamento permitirá uma melhor contextualização da sua obra e a compreensão da sua relação com a arte europeia do Renascimento.
Considerando João de Ruão como uma peça fundamental na sedimentação da consciência portuguesa «ao modo de Itália» (nas palavras de Francisco de Holanda) e na projeção da cultura artística do Renascimento, colocam-se, desde logo, novos desafios historiográficos que só um debate europeu alargado tem condições para desbravar.A compreensão das inovações formais da sua obra, desenvolvidas a partir das artes da Normandia e da Itália, ou a leitura sobre a permissividade das fronteiras europeias destes períodos, no plano artístico, são os grandes objectivos deste Encontro.
O Colóquio de 2019 pretende, assim, reunir os contributos da comunidade científica dentro das seguintes temáticas:
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A geografia oficinal da escultura normanda entre os séculos XV e XVI;
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A triangulação entre França, Itália e Portugal dentro das relações do intercâmbio político, diplomático, comercial e artístico;
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A relação simbiótica entre escultura e arquitetura no século XVI;
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João de Ruão – modelos, formas de expressão e projeção internacional.
As propostas de comunicação (máximo 300 palavras), poderão ser enviadas em Francês ou Inglês, devidamente identificadas e acompanhadas de um CV abreviado.
Data limite para o envio das propostas de comunicação
1 de Março de 2019
colloque.jehanderouen@gmail.com
Université de Rouen Normandie
1 rue Thomas Becket
76821 Mont-Saint-Aignan cedex